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Florianópolis: com aliança em construção, PSB apoia PT

Redação
31/07/2024 13h17 - Atualizado em 31/07/2024 às 13h17
Florianópolis: com aliança em construção, PSB apoia PT
PSB FLORIANÓPOLIS

Após meses de conversações com o PSOL para que o deputado Marquito recebesse o apoio do PSB, uma decisão da cúpula nacional do PSB mudou o cenário, favorecendo o candidato do PT, Lela.

Durante meses, PSOL e PSB trabalharam juntos na construção de uma aliança para a candidatura do deputado estadual Marquito (PSOL) à prefeitura de Florianópolis. Candidatos a vereador foram discutidos, fotos foram publicadas nas redes sociais, e as conversas avançaram para garantir o apoio do PSB. No entanto, uma ordem da direção nacional do PSB inverteu o jogo: o partido deveria se coligar com o PT e apoiar o candidato Vanderlei “Lela” Farias. “Ordem do comando nacional não se discute, se cumpre”, afirmou o presidente do diretório municipal do PSB, Homero Gomes, um defensor do apoio a Marquito, mas que acatou a ordem em nome da unidade partidária.

Apoio do PSB dependia de reciprocidade

A mudança de planos do PSB foi motivada pela necessidade de reciprocidade. Em Santa Catarina, PSB e PSOL estabeleceram parcerias em várias cidades, como Garopaba, Imbituba e Penha. No entanto, o apoio do PSB a Marquito estava condicionado ao apoio do PSOL em alguma capital.

“O desejo de ambos os partidos era apoiar Marquito, que tem legitimidade para liderar o processo, mas era necessária uma demonstração clara de reciprocidade por parte do PSOL, e isso deveria ocorrer em outra capital”, destacou Homero Gomes. Nas conversas, foi discutido o apoio do PSOL em Recife (PE), onde o prefeito João Campos (PSB) lidera as pesquisas. Sem acordo, tentou-se uma aliança em torno da candidatura do deputado federal Duarte Junior (PSB) em São Luís (MA), mas sem sucesso. A última tentativa foi obter apoio para Luciano Ducci (PSB) em Curitiba (PR).

“Pedimos Curitiba, onde o pré-candidato do PSOL aparece com 0,1% nas pesquisas. Houve uma indicação de que poderiam retirar a candidatura e nos apoiar, o que me deixou esperançoso. Mas sem acordo, o PSB não teve alternativa”, lamentou Gomes.

Chance de recomposição é remota

Apesar de a política ser imprevisível, a chance de uma reviravolta que unifique todos os partidos novamente é quase nula, pelo menos no primeiro turno. “Não vejo qualquer chance de aliança, a menos que algo mude em âmbito nacional”, garantiu Gomes.

No entanto, o presidente do diretório estadual do PSB, Israel Rocha, ainda tem esperança, embora remota, de que tudo se resolva até sábado. “Ainda queremos o apoio do PSOL”, afirmou. Essa posição é compartilhada pelo presidente interino do PT estadual, Vitor Silveira, que ainda espera “um gesto” do PSOL nos dias que antecedem as convenções, marcadas para sábado às 9h. “Estamos conversando e até lá muita coisa pode acontecer”, avaliou Silveira.

O que vem sendo oferecido ao PSOL é a vaga de vice na chapa de Lela. O nome seria decidido internamente pelo PSOL. “Seria um gesto para a cidade”, concluiu.

Legitimidade de ambos os lados

Apesar de lamentar a falta de acordo, Homero Gomes vê legitimidade nas candidaturas, com base na representatividade atual dos partidos. “Política se faz com liderança, não na esquerda. O PSOL tem um deputado e três vereadores em Florianópolis. O PT tem uma vereadora. Ambos têm forte representatividade e legitimidade”, avaliou.

Gomes invocou o momento político brasileiro para lamentar a situação que alterou o apoio do PSB. “Dada a situação do país, é natural que a esquerda busque unidade, mas infelizmente não foi possível. A base exige e não está conseguindo entender essa situação.” Seu sonho era reeditar a frente ampla construída em 2020 em torno da candidatura de Elson Pereira (PSOL), com o petista Lino Peres como vice. “É uma infelicidade. Em 2020, assumi a presidência do PSB para construir aquela frente ampla. Quem conseguiu aquilo se sente frustrado”, afirmou Gomes, que aposta num eventual segundo turno para reunir todos em torno de uma candidatura de esquerda.

Processo traumático, diz Marquito

O deputado Marquito também lamenta que o apoio do PSB não tenha se concretizado. “Esse processo é traumático, e lamentamos que todo o trabalho construído ao longo de mais de um ano não tenha influenciado a decisão”, disse.

O candidato do PSOL destacou o caminho percorrido nas conversas e a parceria com o PSB. “Realizamos mais de 15 plenárias no nosso programa Floripa Mais Querida, e construímos cada uma junto a valiosos companheiros do PSB.”

Retomada futura

Apesar do fim das negociações, Marquito acredita que a relação pode ser retomada no segundo turno. “Garantimos apoios em cidades importantes do estado, colaboramos com a chapa de vereadores do PSB. Fizemos tudo o que foi possível. Sentimos a retirada, mas seguimos firmes no propósito de disputar a cidade, chegar ao segundo turno e vencer a eleição”, afirmou Marquito, esperando o apoio do PSB, PT e PC do B na fase final.

O PT também acredita na possibilidade de um segundo turno que una os partidos de esquerda, mas em torno da candidatura petista. “Pesquisas indicam a possibilidade de Lela ir para o segundo turno”, disse o presidente interino do PT catarinense.


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