O presidente Lula citou as ações que estão sendo realizadas na Terra Indígena Yanomami e reafirmou o compromisso do Governo Federal de acabar com o crime organizado e o garimpo ilegal na região. Esses foram alguns dos temas abordados durante a entrevista do presidente para a Rádio Norte FM, da TV Norte de Manaus, no Amazonas, realizada nesta quarta-feira (11/9) por videoconferência.
Lula deu como exemplo a destruição de mais de 660 dragas e balsas neste ano e 757 equipamentos em 2023, as 17 ações da Polícia Federal de combate ao financiamento ilegal de garimpo na terra indígena, com prisões, mandado de busca e bloqueio de recursos, e 52 inquéritos de investigação abertos contra incêndios criminosos. “Nós estamos fazendo aquilo que é necessário fazer. Lamentavelmente eu fico muito triste quando eu ouço dizer que continua a morrer criança. Não pode ser, porque a gente continua mandando comida, mandando cesta básica. Já tenho conversado com a ministra Nísia (Trindade, da Saúde), que tem dedicado, tem mandado mais médicos lá. E nós estamos enfrentando o crime organizado, inclusive criando um departamento da Polícia Federal no Amazonas para tratar especificamente do combate ao crime organizado e ao garimpo. As coisas estão sendo feitas”, afirmou o presidente
Lula falou sobre a atuação da Casa de Governo, estrutura criada em Boa Vista, capital de Roraima, que concentra todo o trabalho para resguardar, dar melhores condições de saúde, alimentação e proteção à população Yanomami e Ye'kwana, que vive na maior terra indígena do Brasil, no extremo Norte do país (9,7 milhões de hectares). A estrutura é parte das ações governamentais para os 27,8 mil indígenas que vivem em 306 aldeias do território.
Durante a entrevista, o presidente reafirmou o compromisso do Governo Federal no combate à seca e aos efeitos das mudanças climáticas. Lula esteve no Amazonas na última terça-feira (10/9), visitou comunidades afetadas pela forte estiagem e anunciou uma série de novos investimentos em reunião com prefeitos da região.
Lula enfatizou que o Governo Federal vai editar em breve uma Medida Provisória para criar o estatuto jurídico da Emergência Climática. O objetivo é acelerar políticas de enfrentamento aos extremos climáticos com uma Autoridade Climática e um comitê técnico científico.
Outro destaque do presidente foi a perspectiva de inauguração de um centro de cooperação policial internacional sob coordenação da Polícia Federal para combater o crime organizado na Amazônia. “Nós teremos funcionando, até o fim do ano, um centro de cooperação internacional sob coordenação da Polícia Federal. Estamos levando muito a sério a questão da Amazônia porque é um território imenso, difícil de trabalhar e precisamos trabalhar junto com os países fronteiriços”, afirmou o presidente Lula.
O objetivo, segundo o presidente, é aumentar o espaço ocupado pelo policiamento e coibir a atuação dos criminosos. “Nós temos que fazer o trabalho interno do Brasil e da Polícia Federal, tanto no combate ao crime organizado quanto ao narcotráfico e, ao mesmo tempo, estabelecer parceria com os governos de outros países para que a gente possa trabalhar na fronteira com mais intensidade”, explicou Lula.
Entre os anúncios realizados no Amazonas está o edital para quatro obras de dragagens de manutenção dos rios Amazonas e Solimões e a retomada da construção da BR-319. Além disso, o presidente Lula anunciou a entrega de 150 purificadores de água portáteis durante visita a comunidades afetadas pela seca. Na conversa, o presidente destacou que a visita ao estado serviu para ver de perto a necessidade do povo e reforçar o compromisso do Governo em avançar nos programas sociais. “É preciso a gente voltar lá para cuidar da saúde, para melhorar o Luz para Todos, a distribuição de alimentos, a água das pessoas beberem. Cuidar daquele povo também é minha responsabilidade. Eu fui lá para enxergar mulheres, homens e crianças e dizer para eles: nós vamos cuidar de vocês”.
Ainda na entrevista, Lula ressaltou a retomada da construção da rodovia que liga Manaus a Porto Velho, em Rondônia. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a empresa LCM Construções assinaram o termo de contrato que estabelece a retomada. “Assinamos um contrato do DNIT para começar a fazer 52 novos quilômetros que já estavam autorizados. Vamos começar a fazer primeiro os 20 quilômetros e, daqui a uns 20 dias, serão liberados os outros 32. Vamos assumir um compromisso de que ao retomar a construção da estrada, não permitir a grilagem de terra, não permitir que as pessoas queimem de um lado ou de outro, que as pessoas façam queimadas, porque é uma área que tem que ser preservada”, ressaltou.