A Frente Parlamentar Invasão Zero, da Assembleia Legislativa, definiu pontos de ação. Ela foi instalada na noite desta terça-feira (1º) e representantes de 62 municípios acompanharam o evento, que reuniu 200 pessoas no Auditório Antonieta de Barros, em Florianópolis.
As ações serão realizadas ao mesmo tempo. Conforme o presidente da Frente, deputado Sargento Lima (PL), de início, 62 produtores rurais farão cursos sobre reintegração de posse para atuarem como multiplicadores do grupo Invasão Zero. O objetivo é alcançar todos os 295 municípios de Santa Catarina e formar uma rede de proteção às propriedades. E ainda identificar movimentos do MST antes que a invasão ocorra e saber como agir.
Ao mesmo tempo, o grupo parlamentar irá procurar as polícias Civil e Militar e levar aos respectivos comandos as demandas dos produtores rurais em relação à segurança no campo e buscar informação sobre as necessidades das polícias para melhorar a proteção às propriedades.
Conforme Sargento Lima, a ideia é criar o Programa Campo Seguro, algo semelhante ao que já ocorre nas cidades com a Rede de Vizinhos, em que os moradores atuam em conjunto com a polícia. Outra ação é integrar os diversos movimentos já existentes em defesa da propriedade para que sejam ações conjuntas e com a mesma linguagem.
Depoimentos
A Frente Parlamentar Invasão Zero tem origem na Frente Parlamentar da Agricultura, da Câmara dos Deputados, e Sargento Lima foi nomeado coordenador do movimento no Estado.
O lançamento da Frente foi pontuado de depoimentos sobre invasões de terra. Um dos principais conflitos vividos hoje ocorre nos municípios de Cunha Porã e Saudades. A prefeita de Cunha Porã, Luzia Vacarin, contou como foi o início do conflito. Em 10 de julho de 2000, disse ela, chegaram ao município dois ônibus com indígenas e lá permaneceram, alegando que parte daquelas terras pertenciam a eles. Conforme Luzia, os colonos têm escrituras lavradas há 120 anos, de terras compradas da União, e agora estão vivendo o drama de serem desapropriados.
Outro depoimento marcante foi o de Pedro Poncio, que militou no MST em Goiás e que, hoje, denuncia as práticas do Movimento Sem Terra. “As famílias pobres são cooptadas com a promessa de um futuro melhor, passam por uma lavagem cerebral e começam a atacar as propriedades”, disse. Poncio destacou que o MST não é “um bando de baderneiros, como se pensa, mas um grupo doutrinário e muito organizado que visa à implantação do pensamento marxista”.